No último dia 23 de Agosto, a Congregação (órgão máximo de decisão e deliberação do ICB) referendou a decisão, tomada pela Diretoria do ICB há quase dois meses, de proibir a venda de bebidas alcoólicas no perímetro deste Instituto. Decisão essa tomada com nenhum diálogo entre a comunidade acadêmica, pegando de surpresa, à época, os freqüentadores e organizadores do tradicional “Buteco da Bio”.
Sabe-se que este Buteco é uma das principais atividades de confraternização do ICB, de importância histórica e com amplo apoio de professores, funcionários e estudantes. Mais do que um lugar que vende cerveja, é um espaço diverso de socialização, aberto à todos. Afinal, a Universidade é Pública e cabe à todos ocupá-la! Mas alguns episódios isolados de casos de violência e depredação de patrimônio chamaram a atenção da Divisão de Segurança Universitária, que emitiu um relatório e serviu de base para a decisão da Diretoria do ICB.
A Diretoria afirma que, além desses casos denunciados pela DSU, baseia-se na Portaria 17/20071 da Reitoria da UFMG, que supostamente proíbe sob qualquer condição a venda de bebidas alcoólicas. Ora, sabe-se que essa portaria proíbe a venda, com exceção dos casos que atendam algumas condições já normatizadas pela Universidade. Sabe-se também que houve todo um esforço do Diretório Acadêmico de Ciências Biológicas (DA-Bio) em fazer com que o Buteco causasse o menor transtorno possível, se adequando ao que a Universidade exige. Além disso, o argumento utilizado, tanto na decisão da Diretoria como durante a Congregação, de que “não devemos dar motivos para situações que gerem violência” é no mínimo uma contradição. A violência é um fenômeno complexo, de raízes sociais, não é o consumo de bebidas que a origina, por mais que potencialize em alguns casos. Proibir este no ICB apenas empurra para fora dos muros da Universidade um problema que também é nosso.
Outro ponto importante é que essa decisão, apoiada por todos os representantes da Congregação (à exceção dos estudantes), não atinge apenas o “Buteco da Bio”, como toda e qualquer festa. E a que se considerar também os objetivos destas. Além do papel de integração e socialização, muitas delas são utilizadas como formas de financiamento de organizações estudantis, que estão no dia-a-dia com eles, fazendo defesa de seus direitos, e inclusive cumprindo um papel que deveria ser da Direção do Instituto e não dos DA´s, como foi o caso recente do DA-Bio comprar, com dinheiro arrecadado dos Butecos, um roteador para acesso à internet, já que o ICB não tem (até hoje) um Laboratório de Informática.
Ademais, são muitas considerações a serem feitas, mais precisamente com capacidades encaminhativas. Contamos com o apoio dos estudantes nesse processo, participando das reuniões, atos e demais formas de envolvimento da comunidade para esse fim. Já estamos divulgando os “Jornais do Banheiro” com essa temática. Ajudem-nos a divulgar!
Abraços e até breve!
Referências:
